segunda-feira, 15 de julho de 2013

Hoje pudemos brincar e aprender

Hoje o dia passou depressa demais.
Quando chegou a disponibilidade para a voltinha diária, decidi substitui-la por 3 sessões de treino para cada cão. Ainda não o disse aqui, mas o Doc tem um nariz espantoso, e andamos a trabalhar essa sua capacidade. Já é capaz de detectar duas substâncias diferentes, e marcar cada um delas com um comportamento diferente. O objectivo é chegar às seis. Tento não pensar que, provavelmente, não vamos ter tempo para atingir o nosso objectivo.
Divertimo-nos mesmo muito quando brincamos às buscas. Então hoje foi dia para nos divertirmos.
O olhar dele assume um êxtase quase inexplicável quando me vê a calçar as luvas de látex para preparar o circuito de busca com as substâncias. Somos felizes enquanto equipa.

Passei uma parte do dia a visualizar a próxima sexta-feira. Fico com ele durante o tratamento, não fico? O que será melhor para ele? O que o deixará mais tranquilo e confortável? O meu instinto diz-me para ficar com ele todo o tempo, o que for preciso, tranquilizá-lo enquanto tiver que estar na jaula, com o cateter a permitir a entrada das drogas. O meu lado mais racional faz-me pensar que talvez fique mais tranquilo na minha ausência, sempre que fica na clínica fica tão calmo que me faz sair de lá com um orgulho imenso depois de ouvir que ele "se portou tão bem". Mas vou ficar com ele. Mesmo que isso implique não ir trabalhar nesse dia. Ou não vou? Vou.
São estas as dúvidas que me vão assaltando enquanto penso no que vai ser esta fase das nossas vidas. Só dúvidas. Questões às quais não consigo responder com a segurança que me caracteriza em tantas outras coisas. Tantas "grey areas". Tantas dúvidas, tantas. Talvez lhe possa preparar um brinquedo com comida para levar para a sessão. Mas se o brinquedo rebola, e ele tem que o perseguir? Não, é melhor sem brinquedo. Ou com brinquedo? Com brinquedo ficaria mais entretido, e alheado do facto de ter um cateter na pata a injectar drogas. Mas ele não sabe o que é que vai ter na pata. Sem brinquedo. Talvez um osso de roer? Não, porque ele gosta de os agarrar com as patas. Com o cateter não vai poder.
Percebem? Isto é o que me passa pela cabeça, crú, sem edição.
Achei que me podia dar ao luxo de escrever assim em versão "raw" para ver se conseguia transmitir o que me passa pela cabeça. Agora ao reler vejo que talvez, mesmo assim, não seja simples. Porque as teclas não acompanham o ritmo da mente. Nunca o conseguirão fazer.



Já me disseram que tenho uma mente hiperactiva. Como psicóloga, não reconheço o conceito, mas percebo o que querem dizer. As minhas dificuldades de concentração advirão todas daí, julgo.
O Miguel costuma dizer que tenho que deixar de planear os dias como se tivessem 24h. Depois ri-se, e diz que se tivesse o meu ritmo, certamente teria um AVC rapidamente. Eu não me rio. Quando o ritmo abranda, não sou capaz. Atiro-me para o sofá e só consigo dormir e fingir que durmo.
Na verdade, preciso da adrenalina da falta de tempo e da pressão dos "deadlines" para funcionar. Sem isso não sou eu mesma. Patológico?

O dia está a acabar, já dei o jantar aos cães, que agora dormem tranquilamente no sofá. Vou juntar-me a eles. Até ao Miguel chegar e podermos jantar.


Sem comentários:

Enviar um comentário