quinta-feira, 11 de julho de 2013

A vida corria-nos bem

Com o amadurecimento do eterno adolescente, a nossa vida melhorou. Julgo que as formações que ia fazendo também me iam ajudando a satisfazer cada vez melhor as suas necessidades.
Depois de um período bastante instável, com várias mudanças de casa, mudanças de rotinas, e uma perda insuperável de um elemento da família, acabamos por encontrar o nosso sítio, numa casa próxima do nosso destino de todos os dias: o Parque da Cidade.
Entretanto o Miguel e o Cusca também entraram nas nossas vidas, devagarinho e, com os gatos, formámos a nossa família.

O Doc esteve sempre comigo em alguns dos piores momentos que vivi. Nesses momentos, conheceu-me a tristeza nos longos passeios que dávamos, em silêncio, à beira-mar. Arrancou-me sorrisos quando, com o seu olhar esbugalhado, me olhava à procura de diversão. Fez-me correr, manteve-me activa, quando a única coisa que me apetecia era enfiar a cabeça na almofada e desistir do mundo.
Se não fosse o Doc... Não sei como teria ultrapassado algumas coisas, e sei que não seria hoje a mesma pessoa que sou. O Doc teve um papel determinante na pessoa em que me tornei. Não imagino como vá ser sem ele.

Chegou o dia em que, depois do meu exame de rotina aos seus sinais, percebi que, por baixo de um sinal que ele tinha já há algum tempo, se começou a desenvolver um "papo". Depois de me informar, fiquei a saber que possivelmente se tratava de um lipoma, inofensivo, portanto. Não me deixei tranquilizar, e permaneci atenta, e o papo foi crescendo. Depois, apareceu-lhe um novo sinal, com volume, na cabeça. Tomámos a decisão de o operar, e remover o sinal volumoso, o sinal base, e o papo. Resultado: os sinais não eram malignos e o "papo" era mesmo um lipoma.
Mas, na mesma cirurgia, a fantástica médica veterinária que o segue desde sempre, teve um impulso, e decidiu remover também um nódulo do dorso, que ele tinha já há bastante tempo, e que tudo indicava ser de origem sebácea, e portanto inofensivo - "Maria, espero que não se zangue comigo, mas removi também o nódulo do dorso, aquele, sabe? Pensei que se crescesse íamos ter que remover, e assim já fica, não temos que o submeter a mais uma cirurgia" - Não, não me zanguei. Fez sentido, foi uma decisão ponderada e inteligente, que agradeci.
O resultado da biópsia a esse nódulo: Mastocitoma de grau II.
Foi um sexto sentido, diria eu, que fez com que o bisturi passasse também ali naquele dia. Senti um enorme peso nos ombros quando soube, e senti-me a encolher, quando soube que as análises mostravam que não tinha sido totalmente removido, mantinham-se portanto células malignas no seu organismo.

Não sou veterinária. Sou ansiosa. Comecei uma pesquisa infindável pela internet, procurando saber mais sobre a doença, prognósticos, tratamentos. Encontrei conforto em um ou dois blogs, escritos por pessoas reais, sobre cães reais.
O Doc estava muito bem! Continuava com a sua vida normal, alheio ao que se passava no seu organismo, e decidi que ia tentar prolongar esse estado tanto quanto me fosse possível.


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