quinta-feira, 11 de julho de 2013

Continuamos a luta

Então, depois do susto, da reflexão e do estudo, era necessário decidir o que fazer.
O Doc estava prestes a retirar os pontos da cirurgia, quando lhe aparece um novo nódulo na coxa.
Tive a sorte de ter uma equipa de veterinários a conhecer o caso, a opinar, e a aconselhar-me.
Ao meu lado, o Miguel, que sempre conseguiu que contivesse uma lágrima ou duas, e que lhe lançasse um sorriso em vez disso, apenas para evitar ver a tristeza profundíssima no seu olhar.
A toda a volta, família e amigos davam o apoio que conseguiam.

O ano não está a ser fácil para nós. As perdas sucedem-se, e temos que nos adaptar a elas. A vida muda muito quando se perde um Pai, ou uma Mãe. Por muito que queiramos encarar a perda, e continuar a viver, há sempre uma parte de nós que não volta mais.

Quando o meu Pai partiu, sei que algumas das pessoas que me são mais próximas passaram um momento díficil, com receio do impacto que a perda fosse demais para mim. Estiveram meses à espera que me fosse abaixo, quando passou um ano começaram a habituar-se à ideia de que talvez esse momento não chegasse. Definam "ir abaixo". O meu Pai partiu, e não volta mais. A minha Mãe continua aqui a lutar, de cabeça para cima, mesmo depois de ter perdido o seu companheiro de vida. Não há tempo para ficar a chorar. Aprendi a sentir o meu Pai de outra forma, todos os dias, nos pequenos momentos da vida. Falo com ele, sinto-o presente nos momentos importantes, mas faz-me muita falta. Tenho saudades da sua gargalhada, tento não esquecer-me do tom suave da sua voz, e recordo muitas vezes algumas expressões muito típicas. Avancei, e continuo a avançar. O Doc estava lá quando soube, claro. Lembro-me como se fosse hoje. E do quanto me custou afastar-me do Doc para ir despedir-me do meu Pai.

O Miguel é muito diferente de mim. Queria ajudá-lo a sentir a sua Mãe como eu sinto o meu Pai.
O Miguel não diz, mas o Doc tem ajudado. O Doc, o Cusca, e os gatos. Com as nossas brincadeiras diárias, o tempo vai passando, os sorrisos são mais frequentes, mas parte do Miguel não volta mais. Como parte de mim também não volta.

Os passeios. As nossas voltinhas são só nossas, a 12 passos. Passeios revigorantes, em que falamos de tudo às vezes e outras, não falamos de nada. Os cães vão cheirando, sentindo, vivendo. E nós também.
As nossas voltinhas ajudam todos.



Decidimos fazer análises, antes de submeter o Doc a nova cirurgia para remoção do novo nódulo, e limpeza cirúrgica do primeiro já removido. As análises mostraram algumas alterações, e eu senti-me a desfalecer. Fui tranquilizada, e os valores acabaram por normalizar, após algum tempo. Agendamos a cirurgia.


3 comentários:

  1. Sinto muito toda esta situação mas certamente que haverá uma solução! Muita força! :)

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  2. SEMPRE ACHEI QUE A ESCRITA ERA MAIS UM DOS TEUS DOTES.... E NÃO ME ENGANEI!
    POR VEZES É NO SOFRIMENTO NA DOR QUE PERCEBEMOS COMO PODEMOS IR AINDA MAIS LONGE!POIS É, "PESSOA DO DOC" GOSTO PARTICULARMENTE DESTA DEFENIÇÃO.... QUE É PERFEITA, VAIS TER SEMPRE DUVIDAS, PRINCIPALMENTE NAS DECISOES QUE SE REVELEM MAIS IMPORTANTES........SEMPRE AS TIVESTE, SÓ QUE NÃO TINHAS CONSCIENCIA DELAS, A "ISSO" CHAMA-SE CRESCER, LINDA MENINA!
    LUTA, AVANÇA, NÃO RECUES, SEGUE OS TEUS INSTINTOS E SERÁS SEMPRE VENCEDORA, INDEPENDENTEMENTE DO RESULTADO QUE DAI ADVENHA!
    TENHO UM PRGULHO ENORME EM TI! E NÃO ESTOU SOZINHA.....3K

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  3. Pois .... foi o melhor que consegui..:)

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