quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Pouco tempo para o Doc

Em alturas de maior trabalho, não consigo deixar de me sentir culpada por ter menos tempo para os meus cães. Sou uma afortunada por ter um trabalho que me permite dedicar algum tempo diariamente aos meus animais, normalmente tempo de qualidade. No entanto, há alturas em que isso não é possível, e passo a ser uma pessoa comum, com horários de trabalho normais, e os meus cães ficam sozinhos em casa horas a fio.
Por passar muito tempo com cães de outras pessoas, o sentimento de culpa torna-se um pouco maior. Dedico grande parte do meu tempo a ajudar outros cães, muitas vezes sob prejuízo dos meus. Mas são apenas fases.

De manhã saio para as sessões de Terapia Asssistida por Animais com o Cusca, e o Doc fica sozinho, mesmo sem o irmão. Já está habituado, e normalmente dou-lhe um osso, mas a mim custa-me sempre.
Mais agora. Queria aproveitar todos os momentos com ele.

O Miguel tem sido uma ajuda mais do que preciosa. Os dois com empregos de horários irregulares, às vezes ficamos satisfeitos quando os nossos horários não nos permitem estar juntos, porque são incompatíveis. É que, se não estamos juntos, os cães passam mais tempo com companhia. Quantas pessoas haverá no mundo a pensar desta forma? Quantas pessoas levariam a mal um raciocínio destes? Nós não. Somos felizes assim.

Tenho tido muito pouco tempo para me dedicar a trabalhar com os meus cães, menos ainda com o Doc. Tento pensar que por estar doente não precisa de parar de trabalhar, leio posts de cães doentes, idosos, ou a enfrentar tratamentos que fazem treinos específicos adaptados à sua condição, mas a mim falta-me motivação. Tenho todo um exame para preparar com o Doc, para apresentar e passar (espero) o nível CAP3 da Learning about Dogs mas tenho deixado isso para trás.
Confesso agora aqui que é porque penso que não vou ter tempo suficiente para trabalhar todos os critérios. Alguns estão começados, foram começados antes desta aventura com o cancro, mas depois do cancro deixo-me abater pela incerteza, e a preguiça instala-se. Não quero trabalhar em vão. Depois, racionalmente, começo a pensar que nada será em vão. Que o caminho não será para nada, porque parte do objectivo deste sistema é "to enjoy the process, having fun with the process". E nós tinhamos isto tudo. E se não conseguirmos, teremos para sempre o processo, e as alegrias do mesmo. E nunca poderá ser tempo perdido. Então, porque raios é que não consigo fugir do sofá quando tenho 30 minutos livres, e pegar no material de treino? Permanece uma incógnita.
Estou em processo de racionalização.

E é com a sensação de ter pouco tempo que hoje termino esta página. Porque o tempo é pouco e tenho que ir. O cancro faz o tempo parecer diferente. Ora devagar, ora rápido, parece passar sempre da forma que menos nos convém.

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