domingo, 11 de agosto de 2013

Final de férias...

As férias sabem sempre a pouco e queremos sempre mais. Para nós não é diferente.
Voltamos um dia mais cedo, e eu confesso que estava cheia de saudades dos gatos, que ficaram em casa.
Voltamos um dia mais cedo para podermos estar na 4ª sessão de quimioterapia.

As férias... correram bem. Contagem: 1 grande susto, quando o Doc apareceu com o estômago tão dilatado que pensei que o ia perder para uma torção de estômago em Aljezur, em vez que para o cancro, no Porto. Felizmente, tal não se veio a verificar.

Férias muito tranquilas, companhia muito boa, e cães felizes.
Depois da quimio, deixar o Doc em casa com o Miguel, treinos ao final da tarde e partir para o Paraíso. Sim, é mesmo assim que se chama: Lugar do Paraíso.
A casa que os meus Pais me ensinaram a amar, numa terra extremamente rica de sensações. Mesão-Frio e os abraços. O abraço da minha Mãe, o abraço do meu irmão, o abraço do meus. Estes dois últimos, que apenas vejo duas vezes por ano, ou três, num ano bom. Tempo a menos. Sempre.
Um coração partido, minúsculo, de tão apertado que fica depois do adeus.

E o choro, que chega sempre pela noite, na solidão, ao lembrar o tempo perdido que eu e o meu irmão tentamos recuperar, mas que nunca será suficiente. E um orgulho imenso no meu Pai, e o conforto de o imaginar tão feliz por nos ver tão bem e tão próximos. O que nasceu entre mim e o meu irmão é algo que nos resulta difícil de explicar, mas que se vê. Vemo-lo nós, vêem as pessoas que nos vêem, sentimos nós aquele abraço tão só nosso, que é sempre breve demais, mas que parece não terminar nunca. O meu sobrinho está crescido, sempre foi uma criança adorável. Não sou particularmente próxima de crianças mas é uma felicidade ver como cresce tão saudável a todos os níveis. Algo que não é comum, actualmente. O melhor Pai do Mundo foi o meu. A seguir é o meu irmão.



Os passeios que damos sempre juntos os três, com os cães... Hoje faltou o Doc. Não sei durante quantas horas caminhamos pelo monte que nos une e sempre nos surpreende com a sua variedade, e nos proporciona uma sensação de liberdade e cansaço e grandiosidade e deslumbre. O Doc não foi ao Paraíso. O Doc não veio ao monte. Fez-me falta. Imaginei-o a correr os corta-fogos como era habitual e percebi que talvez nunca mais o faça. Lembrei o dia na Praia da Amoreira, no Alentejo, onde levamos os cães para sua diversão total, recordei as corridas dos outros três e o passeio suave, a trote, do Doc, enquanto se mantinha por perto para receber biscoito. Não correu com os outros. Não brincou. Ficou comigo, num passeio calmo pelo rio onde este encontra o mar. Molhou as patas, caminhou, comeu biscoitos. Eu fotografava. O Doc não será mais o mesmo, nem nos corta-fogos, nem na praia. E isso deixa-me completamente devastada.




A saudade dos Meus que cresce sempre que posso estar um pouco com eles. A saudade do que o Doc já foi, a esperança de que o volte a ser, e a inevitável falta do que ainda não partiu. E é assim que hoje termino o dia. Que amanhã já se trabalha, e as férias terminaram.

Sem comentários:

Enviar um comentário