terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Do Inverno mais frio da vida...

Das patinhas geladas pendentes do sofá.
Das noites encostada a ti, aquecendo-te com o calor que vem do coração.
Do teu olhar sempre atento, seguindo-me para todo o lado mesmo quando o corpo já não deveria acompanhá-lo e o faz.
Dos ossos que começam a mostrar-se onde antes havia aquela gordurinha gira que sempre me fazia ter-te de dieta e te fazia estar sempre à espera de mais comida.

Os dias já não são o que eram, o Inverno está mais longo do que nunca apesar dos dias de sol. O frio das tuas patinhas funde-se com as minhas mãos, naquele gesto que antes te fazia reagir com cócegas. O teu (mais) doce rosnar está cada vez mais suave, mas é sempre um sinal de que ainda estás aí.

Sorrio quando te murmuro que estou aqui, que estarei sempre aqui e que confiarei, como sempre, nas tuas decisões. Choro quando penso que os dias bons poderão não mais chegar, que não verei mais as tuas corridas e que não terei mais os teus abraços. Aceitas com carinho todos os meus ataques ora de comida em punho, ora munida de seringas e pomadas para te cuidar. Agradeces-me com o olhar e percebes o meu medo.
És tão grande, sempre o foste. És muito melhor do que eu.

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